Sucessão e profissionalização antecipada do herdeiro são temas que, no Brasil e no mundo, estão diretamente relacionados. É muito difícil uma empresa familiar passar à geração seguinte sem que o sucessor tenha sido escolhido de forma pensada e antecipada, bem como que tenha passado por um processo preparatório para aprender a lidar com os papéis de herdeiro, acionista, gestor e proprietário de um patrimônio, de forma concomitante e integrada.
É de extrema importância que o sócio fundador cientifique-se da necessidade de, ainda em vida, entabular as regras do planejamento sucessório e promover a escolha e a profissionalização do sucessor, a fim de evitar conflitos que podem levar a empresa a tensões familiares e negociais.
Sabemos que cedo ou tarde as empresas familiares passarão por processos de sucessão. O que está em jogo é muito mais do que a escolha acertada de uma nova figura de liderança: é o sustento da própria família e a continuidade de um sonho. Se a pessoa que irá assumir o comando empresarial não possuir perfil empreendedor e profissional para gerir o negócio, dificilmente a empresa irá perdurar.
Neste sentido, é necessário identificar corretamente o sucessor, através de um processo de planejamento sucessório previamente instituído, e proporcionar uma formação condizente com os interesses da empresa, dos valores incorporados pelo sócio fundador, da filosofia organizacional e estrutural do empreendimento.
Percebe-se que um processo adequado e eficiente de profissionalização do herdeiro só pode ocorrer de maneira satisfatória se o sucessor for escolhido de forma antecipada. No entanto, apenas 50% das empresas que possuem um plano de sucessão já escolheram um sucessor[1].
Para que a escolha e a profissionalização do herdeiro tenham efetividade, o sócio empreendedor deve adotar uma postura racional, coordenada e controlada, separando as dimensões da organização da propriedade e da família.
Outra situação que dever ser tratada de forma racional no momento da transição e preparação dos herdeiros é a análise da real capacitação técnica e psicológica de cada um, a fim de evitar promoção de parentes baseada apenas em critérios pessoais.
A busca de soluções de convivência pacífica entre o negócio e a família, por meio da identificação prévia dos aspectos vulneráveis na estrutura, adequação da gestão e do processo sucessório, permitem às empresas uma adaptação acelerada às transformações no cenário mundial.
Na hipótese de o herdeiro não possuir vocação para assumir os negócios da família, outros meios de continuidade do empreendimento podem ser estruturados, como a adoção de uma gestão profissional por terceiros, aptos para conduzir a empresa rumo a um futuro promissor.
O estudo do perfil adequado para assumir a administração da empresa, substituindo ou não a figura do sócio fundador, deve estar aliado a qualificação, capacitação profissional e estruturação de planos de carreira eficazes, para forma o pilar de um planejamento sucessório eficaz.
Dessa maneira, as empresas familiares devem se preparar para as transições sucessórias de forma planejada e com menos tropeços, garantindo sua sobrevivência frente ao mercado brasileiro e mundial.
[1] Artigo – Empresas Familiares no Brasil – Cenário e Desafios (PWC do Brasil)
Por Maria Isabel Mazzocchi, Matheus Menegon Machado, Sabrina Colussi Souza e Silvia Regina Borba | Núcleo de Planejamento Sucessório e Societário | Bertuol de Moura Advogados