As empresas familiares constituem, na sua essência, o sonho de um empreendedor. Entender a contribuição que uma família pode oferecer para o fortalecimento da companhia e implementar os mecanismos do controle empresarial são alguns dos desafios enfrentados pelo administrador. É na administração que se fortalecem as empresas e destas que se formam sociedades saudáveis.
A sucessão empresarial, caracterizada pela falta de um planejamento eficaz e pela existência de conflitos em torno da transferência do poder em favor de herdeiros despreparados pode gerar situações de tensão e prejudicar o processo de transformação da empresa.
A criação de regras para as relações familiares dentro da empresa e o planejamento do processo sucessório, formulado e apoiado em métodos, sistemas e rotinas estruturadas, tornam-se essenciais e possibilitam que a empresa enfrente os problemas atinentes à sua perpetuação no mercado.
A falta de planejamento ou de orientação adequada para enfrentar a sucessão com o devido tempo e preparo está entre as mais frequentes explicações para a ruína de grupos familiares: apenas 10% a 15% das empresas familiares sobrevivem a um processo sucessório de terceira geração[1].
O apoio da família, tanto na escolha como na preparação profissional do sucessor, é vital para que possam ser repassados os ideais, os valores prezados pelo sócio fundador e evitar possíveis desgastes nas relações familiares, sendo tal suporte o ponto de partida para que o herdeiro possa expor as suas habilidades e compreender o seu papel dentro da empresa.
A elaboração de um bom plano para a sucessão da sociedade empresarial, com o diagnóstico do estágio em que se encontra o processo sucessório e quais as estratégias a serem adotadas a curto e longo prazo, é importante para que as empresas familiares consigam construir um procedimento sólido.
De acordo com os interesses específicos de cada família empresária, no que diz respeito à gestão e proteção do seu patrimônio, na partilha do patrimônio entre os herdeiros e na forma de condução dos negócios, faz-se necessária uma gestão eficiente e econômica, para a formação de um processo consistente de profissionalização da sucessão empresarial.
O planejamento sucessório e societário eficaz traduz-se em um consenso entre a família; evidencia o efeito financeiro advindo das decisões dos gestores e fundamenta-se em um consistente estudo sobre os impactos tributários gerados e atribuídos a cada um de seus herdeiros.
O que falta, muitas vezes, a tais empresas, é a percepção de que a evolução dos problemas e das culturas envolvidas não significa que a organização esteja fadada a problemas. É certo, porém, que empresas, que pretendem sobreviver neste mundo globalizado, somente terão sucesso com perfil e mentalidade espelhada nas demandas contemporâneas.
Por Maria Isabel Mazzocchi, Matheus Menegon Machado, Sabrina Colussi Souza e Silvia Regina Borba Bertuol de Moura Advogados – www.bertuoldemoura.adv.br
[1] CRUISE, Sinead. Family comes first for risk-averse fund managers. Disponível em: <http:// http://www.reuters.com/article/2013/08/20/funds-family-idUSL6N0FG10C20130820> Acesso em: 27/08/2013.