O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que as empresas familiares são responsáveis por 50% do PIB do Brasil, sendo um dos principais pilares de sustentação da atual economia brasileira.
Entretanto, o sucesso conquistado hoje não traz a certeza do amanhã, vez que a maioria das sociedades empresariais familiares possuem grandes dificuldades no momento da transição de sua gerência.
Para as empresas se manterem competitivas no mercado, mostra-se necessária a preparação da próxima geração familiar, a fim de torná-la capaz de assumir as responsabilidades atinentes ao cargo, ou, perante a ausência de sucessor capacitado dentro da família, a instituição de um programa de profissionalização da gestão empresarial.
Embora a recepção de profissionais não familiares para cargos de diretoria seja incomum dentro da realidade das empresas familiares, nas situações em que o sucessor não possui interesse no negócio, capacidade empreendedora ou até mesmo diante da inexistência de sucessor, a introdução de profissionais na gestão da sociedade familiar é a alternativa mais benéfica à empresa.
Sob o viés econômico, o choque de gerações que ocorre durante a transição do poder empresarial e a carência de técnica gerencial do sucessor são alguns dos principais problemas que surgem durante a sucessão da empresa.
A manutenção do panorama administrativo, sem a gerência adequada, muitas vezes defasa a sociedade empresarial perante o mercado, impedindo o crescimento e a valorização da empresa.
Da mesma forma, os fiéis clientes conquistados pela atual gestão podem vir a buscar inovações perante as naturais oscilações do mercado, e o sucessor, doutrinado para manter o padrão empresarial empregado, diante da ausência de preparação ou talento para buscar novos espaços no mercado, acaba por frustrar as necessidades da clientela.
A profissionalização da gestão da empresa familiar se mostra o melhor modelo de sucessão para tais situações, trazendo junto à empresa profissionais capacitados para dar continuidade ao negócio e, ao mesmo tempo, com técnica gerencial para efetuar as mudanças necessárias, e assim acompanhar o desenvolvimento do mercado contemporâneo.
É ressalvada, ainda, a possibilidade de o próprio sucessor figurar como acionista da sociedade, auferindo lucros e dividendos, permitindo que terceiros com maior aptidão para o negócio detenham o controle da gerência da empresa.
Assim, verificado o desinteresse ou a incapacidade de o sucessor assumir a sociedade, ou perante a sua ausência, a contratação de profissionais capacitados para o controle da diretoria da empresa é a melhor alternativa para as empresas familiares continuarem ativas no mercado, afugentando os problemas da dramática sucessão empresarial.
Por Maria Isabel Mazzocchi, Matheus Menegon Machado, Sabrina Colussi Souza e Silvia Regina Borba | Núcleo de Planejamento Sucessório e Societário | Bertuol de Moura Advogados